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Documentário Nem Eu Sei Tudo ganha prêmio nos EUA

Documentário de Hip Hop produzido no Brasil, aliás, no SUL do Brasil, na pontinha... Ganha prêmio nos Estados Unidos e a gente tá como?


Quem imaginava que o nosso corre de todo dia rendesse um documentário... Na verdade a gente imaginava, porque sempre que fizemos as paradas com o coração, encontramos muitas pessoas pelo caminho que falavam a mesma língua, curtiam as mesmas coisas e nos inspiravam a fazer ainda mais, e nesse sentimento a gente produzia mais, tinha mais vontade de ser da cena e acabava puxando mais pessoas, e mais pessoas se identificavam, e mais e mais... e assim, a engrenagem funcionava e a gente viu que isso poderia tomar proporções muito maiores.


Um porto seguro pra suas memórias... e um pouco mais?

Já conhecíamos a Ancora pelo trampo com casamentos e curtíamos muito a equipe e a forma com que trabalhavam. A admiração já existia mas a gente NUNCA ia imaginar que caberia Hip Hop naquela linguagem de trabalho que eles apresentavam.

Até que a ideia foi virando projeto, e no primeiro momento o projeto não passou. Por causa de uma assinatura mais 2 anos de espera pra execução do doc. Mas tudo acontece no momento que deve acontecer e no edital seguinte, projeto reformulado, todas assinaturas em dia (hehe) e sim, o doc seria possível.

Galera da Ancora mergulhou de cabeça na cultura Hip Hop, assistiram documentários importantes pra nós, ouviram músicas que nós ouvimos, não entenderam algumas coisas e então perguntaram, muita troca de ideia pra que tudo tivesse muito significado.

A Fer dormiu em chão de aeroporto, pegou perrengue na estrada, o Lucas viveu o BITC de São Paulo e eu lembro de estar no palco fazendo foto chorando, é claro, e do nada ele me dar um abraço (naquele momento percebi que a cena toda tinha tocado ele também) e o Gheno que dirigiu várias horas a Kombi no nosso rolê pelo Uruguay, passou calor, correu atrás de bandido hahaha... Acho que tudo isso significa que viramos família, e que eles hoje não imaginam a Ancora, produtora de filme de casamento, sem os projetos culturais, sem transformar a vida das pessoas.

Escrever histórias totalmente além do que a visão alcançava até então.

Time completo: mãos ao doc.

Quando começaram a aparecer os teasers do documentário, meio que a gente já nem tinha mais expectativa, era só ansiedade mesmo que tudo ficasse pronto logo. Começamos a falar sobre o lançamento, cinema na praça aberto pra todo mundo, telão imenso, pipoca claro, rima do André, camisetas, bate-papo... Tudo ia ganhando forma.

Lembro como se fosse ontem (e lembrarei pra sempre), a primeira vez que assistimos o filme completo. ps: Quase morri quando vi na legenda "namorada do William", só passava na minha cabeça "caralho falei tantas vezes pra Fernanda que eu odiava isso". A imagem do Banks, a fala dele dando a narrativa pra muito do que vivemos, as pessoas, as crianças e minha nossa a briga com o cara do supermercado que não me deixou olhar o jornal.


Aprendemos a olhar com carinho pro nosso dia a dia.


A gente sabe bem o privilégio que temos, em fazer ser possível viver de Hip Hop. As meia dúzia de camisetas que viraram vários produtos da hora, onde conseguimos vestir gente da cena mas também o tiozão que passa no shopping e leva um boné. Sentir orgulho de ás vezes chegar na loja, cadastrar mais de 60 códigos num sistema nada hip hop diga-se de passagem, e sair ainda com mais gana de fazer a parada acontecer, entender que aquele código pode possibilitar viagens, eventos, pode fazer com que mais pessoas da cena trabalhem junto... enfim.


O documentário nos trouxe uma visão mais poética de tudo, nos fez ver situações que na correria do dia a dia, a gente faz porque precisa ser feito, porque acreditamos, mas esquecemos da dimensão que isso tem, e o melhor: da dimensão que isso tem pra TANTAS pessoas.

O documentário tem a nossa cara, mas tem a mão de tantas pessoas... tantas pessoas que passaram por nós pra entendermos o Hip Hop, tantas pessoas que assistiram e nos mandaram mensagens emocionantes, se identificando mesmo com a parada.

Não é sobre a gente, é sobre tudo que podemos ser através da cultura, eu, tu, todo mundo, junto.

Ah, o doc ganhou um prêmio nos Estados Unidos, foi selecionado também em Portland, passou num cinema em Manaus.. mas o mais importante é que ele mudou nossas vidas e tocou tantas outras.

Nem Eu Sei Tudo é o nome e o lema.

Seguimos.


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